sábado, 27 de março de 2010

O julgamento. E o pré-julgamento.


Por enquanto, breves comentários sobre o julgamento do casal Nardoni. Acompanhei os momentos finais, do lado de fora do Fórum, e fiquei surpreso, pra não dizer assustado, com o circo. O que houve, pós-julgamento, foi surreal. Parecia final de copa do mundo. Foguetório, buzinaço, gritaria e tentativa de linchamento. Foi o que aconteceu quando dezenas de pessoas cercaram as viaturas que conduziam Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá para a prisão. Por azar, uma das viaturas 'morreu' bem no meio da multidão. Algumas pessoas avançaram com paus e pedras em cima dos carros. Uma barbárie que define bem o grau de histeria que deu o tom neste julgamento. Definido, em certa escala, pela atuação leviana e tendenciosa de parte da imprensa. Não estou dizendo que a sentença do juri popular tenha sido equivocada. Mas me parece claro que muitos 'colegas' ainda não aprenderam a lição que casos como o da Escola Base, por exemplo, deveriam ter ensinado. É extremamente perigoso quando pseudo-jornalistas se travestem de juizes, em busca da audiência fácil, para promover espetáculos constrangedores em frente às câmeras, avaliando, julgando e condenando pessoas, antes que a própria justiça o faça. Se, na madrugada de sábado, o casal tivesse sido absolvido, não tenho dúvidas de que a multidão enlouquecida teria invadido e depredado o prédio do Fórum. E teria feito o mesmo com as casas dos parentes do casal. O pré-julgamento feito por alguns colegas foi tão condenatório que os sobrenomes 'Jatobá' e 'Nardoni' se tornaram pejorativos, quase sinônimos de criminosos. Sinto uma pena enorme das duas crianças do casal, que carregarão, talvez para sempre, o peso injusto de trazerem com eles sobrenomes condenados pela midia. Em relação ao julgamento, em si, um massacre. A acusação engoliu a defesa. Não restou pedra sobre pedra.

A reportagem que mostra os bastidores do julgamento que condenou os Nardonis está disponibilizada abaixo:

quarta-feira, 24 de março de 2010

You're the Jury - Guilty or Not Guilty?

Estive essa semana no Forum de Santana, onde o casal Nardoni está sendo julgado. Do lado de fora, um circo. Com direito a personagens bizarros, que encontraram ali a oportunidade de ter os seus sagrados 15 segundos de fama. Um cara se amarra a uma cruz cheia de fotos. Outro se veste numa fantasia de gari e diz que é Osama Bin Laden. E grupos que carregam faixas e cartazes onde a palavra 'justiça' aparece insistentemente, se revezam, claro, nos gritos compassados de 'jus-ti-ça!!'. Afora isso, reporteres, produtores e cinegrafistas cumprimos o ritual da cobertura minuto a minuto, sabendo de antemão que nada bombástico vai acontecer ali embaixo. O que resta, para quem entra ao vivo, é ecoar o que acontece no Tribunal, onde sete pessoas estão sendo convencidas a tomar uma decisão. E é neste cenário, olhando tudo, vendo as pessoas, os cartazes, a mobilização, que me convenço cada vez mais de que não gostaria de estar na pele de um jurado. Em nenhuma circunstância. Nem num concurso de beleza. Quanto mais numa ocasião dessas, quando os réus já entram no tribunal condenados pela opinião pública. E, acredito, até pelos jurados. Porque essas sete pessoas, quatro mulheres e três homens, já tinham lido, visto e ouvido o suficiente para formar uma opinião sobre esse assunto. Duvido que nenhum deles tenha escutado, antes de sair de casa para o forum, o conselho vindo da mãe, do pai, do marido ou de quem quer que seja: "veja lá o que vai fazer, hein ? O Brasil inteiro vai te cobrar depois". Haja pressão! Deve até existir aquele diabinho que fica em volta da cabeça deles gritando assim: "Olhem e apontem! Joguem a primeira pedra ou se calem para sempre! Respondam agora: culpados ou inocentes ??" A sensação não deve ser nada boa. Deve ser igual aquela que nos assalta em determinados momentos da vida, quando você sabe que está no lugar errado, na hora errada. A pergunta fatal é: 'ai, ai, ai... o que estou fazendo aqui..?' Porque, me digam, será que é possível afirmar, sem nenhuma sombra de dúvida, depois de ouvir todos os argumentos de acusação e defesa, que o casal é culpado ? Ou que é inocente ? Será que peritos, especialistas, laudos e documentos respondem todas as dúvidas ? Esclarecem tudo na cabeça de uma pessoa ? Talvez. E é justamente esse 'talvez' que pega. Essa bendita, ou maldita, palavrinha, que está no centro da questão. Porque o 'talvez' não pode condenar. Não pode haver 'achismos' em uma condenação. Ela deve se amparar em uma convicção. É a certeza que condena. Por outro lado, a dúvida pode, e deve, inocentar. Não, eu não queria mesmo estar na pele destes jurados. Até porque, eles devem saber, pior que inocentar um criminoso, é condenar um inocente.

sábado, 13 de março de 2010

Paisagens do Atacama

A foto ao lado,  sem nenhuma       'sujeira' por cima,        provocou a curiosidade de alguns amigos de bar e de blog. É a mesma foto que, desde alguns dias, abre o blog. Agora, na boa, vamos concordar que ela é realmente instigante. O tipo de imagem que faz os olhos percorrerem todos os cantos da foto. E coloca o homem em sua real dimensão diante da natureza. Por isso, alguns perguntaram do lugar. Outros, da autoria. Esclareço. O autor da belíssima foto é meu amigo Jaime Borquez, que você pode conhecer melhor acessando o post  'Raices de América', um pouco abaixo na página. A foto foi tirada durante uma de nossas viagens pelo Chile. O lugar é o deserto do Atacama. Acho que Jaime conseguiu, nesta foto, mostrar como um lugar pode ser remoto, hostil e, ao mesmo tempo, fascinante e encantador. Ah, esta foto foi capa dupla do caderno de turismo do 'Estadão' e tambem abriu uma matéria sobre o Atacama, de minha autoria, numa revista do interior paulista que versa sobre meio ambiente.

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Aproveito para postar esta outra foto, tirada no mesmo lugar, de outro ângulo. Lembra uma paisagem lunar e tambem retrata a aridez do Atacama, considerado, através de medições científicas, o lugar mais seco do planeta. Me recordo que, no segundo dia, os lábios já estavam feridos. Respirar no Atacama é um exercício doloroso. O nariz chega a sangrar, por causa das feridas provocadas pelo ar rarefeito.  Mas nada disso consegue superar a beleza diferente do lugar. A postagem das fotos é uma homenagem a Jaime Borquez, amigo raro que mantem o bom humor mesmo em situações como a de agora, quando o Chile insiste em tremer sob seus pés. 

Qatar - Série das Arábias - Última parte

Durante os poucos dias que ficamos no Qatar, corremos atrás de assuntos e temas que pudessem se transformar em reportagens atrativas e interessantes para os olhos e olhares brasileiros. Como sempre tive curiosidade por saber como vivem os brasileiros fora do Brasil, imaginei que esse seria um bom tema e lá fomos nós atrás de conterrâneos. A primeira brasileira eu encontrei por acaso. Estavamos visitando a Cidade da Educação, um mega-campus universitário, e perguntei ao guia de uma das universidades se ali havia estudantes brasileiros. Ele me disse que sim, havia uma garota brasileira. O contato foi feito e no dia seguinte conhecemos Camila, uma jovem carioca que estuda na Northwestern University, uma das mais conceituadas faculdades de jornalismo dos Estados Unidos. E que agora tem uma base avançada no Qatar. Camila faz parte da primeira turma de jornalismo. Ela é filha de um ex-piloto da Varig que trabalha atualmente na Qatar Airwais. E foi através de Camila que conhecemos Nany e Fadia, duas outras brasileiras que tambem vivem lá. Nany é carioca. Esposa de um piloto de aviões, vive com o marido e o filho num condomínio, nos arredores de Doha. Fadia, na verdade, é libanesa. Mas veio para o Brasil ainda criança e viveu aqui até completar vinte anos. Casada com um libanês, tem um filho nascido no Brasil. Que fala fluentemente árabe, inglês e francês. Mas somente arranha algumas palavras em português. Situação nem tão estranha assim numa terra onde vivem tantos estrangeiros. E estas famílias, que nos receberam tão bem, num gesto de extrema cortesia, ainda nos convidaram para acompanha-los num passeio à praia. Claro que aceitamos, porque seria perfeito para completar a reportagem. Claro tambem que não dá pra mostrar tudo numa só reportagem. E o que não dá, eu conto aqui.
Por exemplo, a praia onde fomos é frequentada quase que somente por estrangeiros. Onde os homens usam sungas e as mulheres, biquinis. O que não é muito tolerado pelos muçulmanos. Mas óbvio que isso mexe, e como mexe, com a imaginação dos adolescentes muçulmanos. E enquanto elas estavam na praia, de biquinis, fazendo o churrasco, conversando e ouvindo música, foi um auê. Durante quase todo o tempo, vários jovens qataris  ficaram passando de motocicleta a cerca de duzentos metros de onde estavamos. E todos esticavam muito o pescoço para ver as mulheres de biquini. Cenas comuns para nós, brasileiros, mas que, provavelmente,  fazem ferver o sangue destes garotos.

Enquanto estávamos gravando fomos abordados por este homem, um iraquiano que trabalhava numa casa ao lado. Ele veio nos dizer que era proibido fazer imagens da casa, porque era propriedade particular. E o dono era um Sheikh influente do Qatar. Como ele foi bastante incisivo, e aparentava estar armado, direcionamos nossa câmera, e nossa atenção, somente para o mar e para a praia.

A última reportagem da série você pode assistir clicando abaixo:

                                        

Bem, além das reportagens postadas aqui, tentei dividir com vocês um pouco dos bastidores da viagem. Curiosidades que nem sempre são abordadas nas matérias, as vezes por falta de tempo, outras pelo critério dos editores, mas que sempre rendem boas prosas. Então, amigos de bar, espero que tenham gostado. Aquele abraço. E até a próxima.

Qatar - Série das Arábias - Parte IV

Amigos de bar, eis que chegamos à quarta reportagem da série. Ela conta um pouco da torre de Babel que toma conta do Qatar. De cada dez habitantes, sete são estrangeiros. O que transforma o Qatar num país que, podemos dizer, é dividido em castas. Os estrangeiros que vem de países pobres como Bangladesh e Sri Lanka, ou conflituosos, como Iraque e Paquistão, estão no andar de baixo. Trabalham na construção civil e em sub-empregos. Um pouco acima estão os estrangeiros que vêm da Síria, Egito, Líbia. Estes trabalham no comércio. São donos de bazares, restaurantes e hotéis mais modestos. Encontrei muitos no mercado. No Suq, que é mostrado na matéria. O terceiro andar tambem é ocupado por estrangeiros. Aqui já se forma o que a gente poderia chamar de classe média. São europeus, americanos e brasileiros, que foram contratados por muitos bons salários para atividades mais específicas.
Ainda tem a classe formada pelos executivos de grandes empresas, onde aparecem ainda muitos estrangeiros. E, finalmente, no topo, estão os qataris. Poucos trabalham. Minoria no próprio país, se vingam exercendo com gosto o papel de implacáveis patrões de todos os outros, vistos por eles como 'invasores'. Os qataris são exigentes e pouco pacientes. Tudo isso me foi contado por quem vive e trabalha lá. É comum, por exemplo, ver qataris desobedecendo leis de trânsito e passarem com seus carrões em alta velocidade sem serem multados ou molestados pela polícia local. Fica claro que existe uma lei para os estrangeiros. E outra, bem mais tolerante, para os nativos do Qatar.


A reportagem você acessa clicando abaixo:




Qatar - Série das Arábias - Parte II e III

A segunda reportagem da série mostra o centro equestre que está sendo construído para abrigar os cavalos árabes do Sheikh Khalifa Al Thani. Na verdade, ele já tem um, com ar condicionado e alfafa importada, mas acha que os cavalos de sua coleção merecem mais. Os qataris são apaixonados por cavalos árabes. Lotam estádios nas apresentações e competições desta raça. E como sobra dinheiro na conta do Sheikh Khalifa Al Thani, ele manda buscar os melhores cavalos que existem por aí. Este, que aparece na foto acima, se chama Al Zeer Al Shaqab, cavalinho básico que custa a bagatela de 600 mil euros. Tem base ? E olha que muitos desses melhores cavalos árabes do mundo estão no Brasil. Eu não sabia, mas o Brasil tem uma criação tradicionalíssima de cavalos árabes e já fez muitos campeões mundiais. O Sheikh sabia. Por isso importou alguns de nossos melhores garanhões e, de quebra, levou tambem alguns brasileiros para treinar os cavalos. Foi uma grata surpresa encontrar Fabrício no Centro Equestre do Sheikh. Ele está feliz. Saiu de Sorocaba, atravessou o mundo e hoje ganha 15 mil dólares por mês. Além de casa, carro, escola para os filhos, empregada e duas passagens anuais para o Brasil. Duas férias, pra falar a verdade. E ainda a promessa de, depois de quatro anos, gerenciar uma franquia, aqui no Brasil, do Centro Equestre Al Shaqab, que o Sheikh pretende transformar no melhor do mundo. Eu, do lado de cá, não duvido nadinha que isso aconteça.


Ao lado, momento da entrevista com Fabrício, gravada pelo incansável e talentoso José Straceri, o Xuxa. Um profissional de primeira. E, mais que cinegrafista, um amigo leal e companheiro para qualquer adversidade.









Para ver a reportagem basta clicar na imagem abaixo:




A terceira da série é sobre o Colecionador, aquele que montou um museu particular das Arábias e que foi tema de um post aqui. Para acessar o post, click em

http://umgiramundocomoeu.blogspot.com/2009/11/o-colecionador.html

Se você quiser assistir a reportagem, clique na imagem:






E já que a reportagem é sobre um museu, aproveito para falar de um outro, tão impressionante quanto o do Sheikh Faisal mas que, infelizmente, só conheci pelo lado de fora. Ao lado e abaixo, fotos do  Museu de Arte Islâmica, que tambem fica em Doha. Tirei as duas fotos, aparentemente iguais,  propositalmente em horários diferentes para que pudesse captar um detalhe que faz muita diferença. Antes de falar do detalhe, algumas informações sobre o Museu. O prédio foi projetado pelo arquiteto americano de origem chinesa,  Ieoh Ming Pei, que tambem é autor da famosa pirâmide do Louvre. A exemplo de Niemeyer, Ming Pei tambem caminha para se tornar centenário. Já tem 93 anos. Não sei não, mas acho que a arquitetura está, de alguma forma, ligada à longevidade. Bem, mas voltando ao assunto, quando recebeu a encomenda do projeto, Ming Pei fez uma longa viagem por diversos paises islâmicos. Queria buscar inspiração. E, olha, ele encontrou, viu ? Repare na cobertura do edifício! Retrata a face de uma mulher muçulmana. Evidentemente escondida pela burka, o manto negro que cobre o rosto e o corpo das mulheres do Islã. Fica mais fácil perceber este 'rosto' na foto abaixo, tirada durante a noite.  Não é um detalhe e tanto ??

 
Ah, como cabe a um museu concebido pelos Sheikhs do Qatar, este tambem é um dos mais ricos do mundo. Tanto pela qualidade histórica das peças, quanto pelo valor material, incalculável, de cada uma delas. A diferença é que lá, o acesso à cultura é gratuito. Ninguem paga para entrar no museu e conhecer toda a história do mundo árabe.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Qatar - Série das Arábias - Parte I

Sobre a série do Qatar, tinha dito que seria exibida no Domingo Espetacular. Mas já está no ar, no Jornal da Record. Vou tentar atualizar por aqui, colocando os links que direcionam para as reportagens. A primeira, que abriu a série, foi sobre a Sheikha Mozah. Aproveito para contar algo sobre a rainha do Qatar. Primeiro o título, né ? Sheikha! Soa meio esquisito. Nem sabia que existia essa nomenclatura. Depois, quando fui me informar a respeito  dela no Qatar, descobri que todo mundo lá adora a Sheikha Mozah. Todo mundo mesmo. Quem não adora, admira. Num determinado dia, durante a Conferência da Educação, que aconteceu em Doha, tive a chance de estar bem perto dela. Estavámos conversando quando ela veio, inesperadamente, e passou a alguns centímetros de nós. Não me atrevi a aborda-la (e me arrependi por isso) porque tinha recebido milhares de recomendações, por parte da segurança real, de que não poderia sequer fazer imagens dela. Quanto mais abordar. Mas quero dizer o seguinte: a mulher tem muita classe! Passou por nós como se estivesse flutuando. E a todos ela dirigia o olhar e dava um leve aceno de cabeça. É possível sim, amigos de bar, manter a classe sem parecer arrogante. No Qatar, a Sheikha Mozah, cada vez mais, é comparada com as rainhas que marcaram a história do mundo árabe. Assim como Cleopatra e a Rainha de Sabah, Mozah faz história não se curvando aos rígidos preceitos morais e culturais de uma terra dominada pelos homens.












Para acessar a reportagem clique na imagem abaixo:




sexta-feira, 5 de março de 2010

Raices de America

Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar
en el valle, la montaña
en la pampa y en el mar

Esta é a primeira estrofe da música 'Los hermanos', do grupo Raices de America. Postei aqui porque acho que esta música serve para descrever um pouco da minha relação com o Chile e o povo chileno. Estive lá pela primeira vez em 2001. E me encantei com absolutamente tudo. O roteiro começou por Santiago, passou por Valparaíso, Punta Arenas e terminou na Patagônia chilena, mais precisamente no parque Torres Del Paine. As paisagens deste parque estão entre as mais lindas que já vi na vida. Mais tarde, em 2004, tive o privilégio de conhecer o outro extremo do país, na região de Antofagasta, onde ficam as minas de Chuquicamata, as maiores minas de cobre a céu aberto do mundo. E também a cidade de Calama, o último ponto habitado antes do deserto do Atacama. E como é fascinante este deserto! Enfim, conheci as várias faces do Chile. E todas me deslumbraram. Mas nada me encantou mais do que a fraternidade dos chilenos que encontrei pelo caminho. Acho que o povo chileno se parece um pouco com os mineiros. Creio que, em comum, temos o fato de estarmos 'presos' entre montes e montanhas. Eles tem a incomparável cordilheira que, de certa forma, os isolam do resto do continente. Nós, as incomparáveis montanhas, que nos fazem ensimesmados e, ao mesmo tempo, ávidos por conhecer novas fronteiras e fazer novos amigos. Enfim, mineiros e chilenos somos, por natureza, meio desconfiados. Mas temos a vocação da hospitalidade.  Contada, de certa forma, através da canção do grupo Raices de América. Por tudo isso, as notícias de um terremoto que parece interminável me afligem. Sei que as catástrofes naturais tem força para derrubar casas, prédios e pontes. Para destruir algumas vidas e interromper outras. Sei que isso está acontecendo, bem agora, nas terras além cordilheira. Mas sei tambem que nenhuma força será suficiente para abalar a fé e a confiança que os irmãos chilenos depositam em palavras como amizade, reconstrução e recomeço. A estes amigos, e em especial ao amigo/parceiro/produtor/músico/jornalista/fotógrafo Jaime Borquez, que me apresentou às belezas do Chile, minha solidariedade. E meu abraço fraterno.

Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
Y así seguimos andando
curtidos de soledad.
Nos perdemos por el mundo
nos volvemos a encontrar.

Jaime é o autor da foto de abertura deste blog. Foi feita durante uma de nossas viagens pelo Chile. Jaime está relativamente bem, em comparação com milhares de outros chilenos. Através de um e-mail, ele me falou rapidamente da situação no país. Mais tarde, Jaime acabou se tornando personagem de uma reportagem sobre o terremoto e deu detalhes dos momentos de horror que viveu. Para ouvir o relato dele, acesse o link abaixo.

http://www.istoe.com.br/reportagens/54212_PENSEI+QUE+IAMOS+MORRER+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage