quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O crime e a impunidade

Nos últimos meses postei aqui algumas matérias cujo tema está se tornando recorrente: o de crimes contra mulheres. Mércia Nakashima, Vanessa e as irmãs de Cunha foram apenas algumas das vítimas mais recentes. Casos que ganharam repercussão por causa da beleza e juventude das vítimas. E tambem pelo mistério que envolvia cada um dos crimes. Mas sabemos que, todos os dias, dezenas de vítimas anônimas continuam sendo espancadas, torturadas e mortas neste país. Muitas vezes, os agressores são pessoas que convivem com as vítimas. Delinquentes, facínoras e psicopatas que nunca são identificados. E, quando são, contam com a lentidão ou com as brechas da justiça para permanecer impunes. Hoje faz um mês que Bianca Consoli foi espancada, asfixiada e morta dentro de casa. O autor desta barbaridade ainda é desconhecido.



Semana passada, em Brasília, uma jovem estudante foi morta friamente por um professor. O autor foi identificado e preso rapidamente. O crime foi esclarecido em pouco tempo porque o assassino fez questão de levar o corpo da moça até uma delegacia. E sabem porque ele fez isso ? Para escapar do flagrante. É inacreditável, mas a lei brasileira prevê que o flagrante se caracteriza nas seguintes situações: quando o autor é surpreendido praticando o delito; quando o autor é preso pouco tempo depois de ter cometido o delito; e quando existe perseguição após o delito. Como o assassino de Brasília é professor de Direito, conhecia muito bem as brechas da lei. Por isso, demorou 3 horas para se apresentar na delegacia. E só foi preso porque, enquanto circulava pelas ruas e avenidas com o corpo da estudante, a familia dela havia comunicado o desaparecimento e possível sequestro. Senão, o professor estaria agora livre, leve e solto. Quem sabe até  na companhia de Mizael, o suposto assassino de Mércia Nakashima, que se aproveita a 'bondade' da justiça brasileira para rir da cara de todos nós.



Esta semana os advogados do professor Rendrik entraram com Habeas Corpus pedindo para que o assassino aguarde o julgamento em liberdade. No primeiro momento, o pedido foi negado. Mas duvido que ele permaneça preso até o julgamento. E duvido mais ainda que fique preso depois do julgamento, mesmo se condenado. Foi assim com Pimenta Neves. É assim com todos que dispõem de bons advogados e possuem amigos influentes nos tribunais. Pobre país em que vivemos. Aqui, espancar, humilhar, maltratar, torturar e matar mulheres não dá nada. Aqui o crime compensa.