quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A casa dos vivos

Amigos de bar, depois de um tempo fechado para balanço (mas com direito a música sem cobrança de couvert), o boteco reabre com reminiscências filipinas. A reportagem abaixo foi a primeira da série sobre o arquipélago. Depois eu conto sobre as outras.

 Manila lembra algumas cidades brasileiras. Sabe, assim, quando voce percebe que existe alguma organização em meio ao caos ? Então. É este resquício de organização que permite que o transito flua e que os milhares de fios entrelaçados nos postes continuem conduzindo eletricidade. Se voce achava que o gatonet era exclusividade brasileira, é porque não viu os postes na periferia de Manila. Os telefones e os canais a cabo são, digamos, comunitários. Um só ponto é dividido por várias famílias numa boa. Com uma certa complacência do poder público. Como no Brasil, nas Filipinas tambem é mais conveniente tolerar algumas contravenções do que combate-las. Assim os animos não se acirram e a massa fica sob controle. É o 'toma lá da cá' exercitado em todos os níveis. E todo mundo fica feliz. Aliás, uma pesquisa indicou que os filipinos formam a população mais feliz da Ásia. Setenta por cento dos habitantes se consideram felizes. Estão satisfeitos com a vida que levam. E tem boas perspectivas para o futuro. É estranho. O país é pobre, muita gente passa fome e a maior parte da população carece de atendimento nas áreas da educação, segurança e saúde. Como ser feliz assim ? Pois os filipinos são. Sabe porque ? Desvincularam a felicidade do bem estar material. É um estágio que muitos almejam mas que, nas Filipinas, está mais ligado ao 'tá ruim mas tá bom' do que a um estilo de vida. Ou seja, é saudável mas implica numa boa dose de conformismo. Foi essa a sensação que tive ao visitar o maior cemitério das Filipinas. Onde vivos e mortos dividem o mesmo espaço.