quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O monstro do Maranhão

Meus amigos de bar, foi decretado o fim da temporada de ócio! Depois de trinta e poucos dias distante do trabalho é hora de arregaçar as mangas e recarregar as baterias. Aliás, esta coisa de férias de jornalista gera folclore. Meu amigo Afonso Mônaco me conta que, certa vez, um apresentador que hoje trabalha no SBT (e não é o Carlos Nascimento), estava dando uma palestra numa faculdade quando um aluno perguntou: "Quais foram os melhores momentos de sua carreira ?' E ele respondeu na maior tranquilidade: "Ah, os melhores momentos, sem dúvida nenhuma, foram durante as férias!' A história, engraçada, serve para mostrar que muita gente se desliga completamente de suas profissões enquanto descansa. Eu até tento, mas confesso que não consigo. Nas férias, acompanho o noticiário pela tv e internet. Mas sem exagero e com a vantagem de ter uma lata de cerveja ao alcance da mão. Agora, de volta ao batente, acompanho ainda mais de perto. No caminho até a redação costumo ouvir as notícias pelo rádio do carro. E outro dia me espantei quando foi noticiada uma rebelião na delegacia de Pinheiro, interior do Maranhão. Estive lá, nesta delegacia, em agosto do ano passado, fazendo uma reportagem sobre José Agostinho Bispo Pereira, de 55 anos. Um pai que abusou sexualmente das filhas durante muitos anos. Teve um filho-neto com uma delas. E sete filhos-netos com outra. Os abusos começaram quando uma das meninas tinha apenas doze anos de idade. E continuaram até o ano passado, quando o caso foi denunciado por vizinhos. Na delegacia entrevistei José Agostinho. E, ao contrário do que imaginava, ele não despertou em mim sentimentos como raiva ou nojo. José Agostinho não é um pedófilo ou um maníaco sexual como estamos acostumados a ver. Não fez o que fez porque era dominado por uma tara incontrolável. Fez porque achava  normal. E os vizinhos tambem achavam normal, porque todos sabiam e se calaram durante décadas. No interior do Maranhão, sem a chance de conviver com valores básicos, José Agostinho e as filhas viviam como bichos. E passaram a agir como tal. As relações incestuosas são comuns para muitas espécies de animais. Mas não para os homens. José Agostinho cometeu um crime hediondo e estava pagando por ele. Até a rebelião. Esta semana os detentos rebelados invadiram o 'seguro' onde ele estava, com mais cinco acusados de pedofilia, e fizeram uma carnificina. Todos os seis foram mortos. Quatro deles, decapitados. Termina assim, em tragédia, a trágica história de José Agostinho. Talvez tenha sido melhor para ele. Tomara que seja melhor tambem para todas as filhas e filhos-netos do homem que ficou conhecido como 'o monstro do Maranhão'.

Você pode conhecer um pouco melhor a história através da reportagem, exibida em agosto do ano passado, que está disponibilizada abaixo.

7 comentários:

  1. Oi! Raul!Bom retorno ao batente! Quanto ao seu post eu discordo totalmente da sua opinião, "qualquer homem civilizado com mais de 18 anos de idade, que - copule - com uma criança é um pedófilo." E digo mais eles só o fazem pela proximidade e pela facilidade diante da vunerabilidade da vítima. Essas vítimas vão carregar marcas pelo resto da vida, tanto emocionais quanto fisica, haja visto que existem relato de diminuição na conformação estrutural de genitalias de mulheres que sofrerão abuso sexual. E ademais esse termo " monstro", só se justifica pela falta de proporção: imagine só um homem de corpo formado copulando com uma criança totalmente frágil é uma covardia. eu me preocupo muito com os filmes pornográficos que sem trazem mulheres com cara de adolescente. Muito destes pedófilos adotam discursos iguais a este como o seu e jogam a culpa na própria vitima No caso do Maranhão o estado foi incapaz de garantir a integridade deste preso, mas aí já é outro assunto. Raul se tiver oportunidade procure conversar com profissionais especializados sobre a situação das vítimas destes pedófilos e é bem provável que você mudará sua impressão sobre esse pobre infeliz. Fique a vontade se quiser falar comigo em particular sobre esse assunto, meu email é sheylacecylya@gmail.com
    bjos! Shyrley

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  2. Cara Shirley,
    minha opinião está bem clara na frase 'José Agostinho não é um pedófilo ou um maníaco sexual como estamos acostumados a ver'. Ou seja, é um pedófilo ou maníaco sexual gerado pelo meio que vive e pela ignorancia que o cerca. Diferente, em certos aspectos, de outros monstros que abusam de crianças. Mas nem por isso melhor que eles.
    Grato pelo comentário. Volte sempre.

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  3. Salve, salve, RAUL!
    Obrigado, pela atenção!
    Revendo sua reportagem sou obrigada a concordar com você. Haja visto que esse "pobre infeliz", só foi punido com o rigor da lei porque era pobre.
    Com respeito e admiração pelo seu trabalho.
    Shyrley

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  4. Olá Raul!Que história impressionante. Mas isso que você colocou no post é possível sim. E você citou algo importantíssimo: Os valores básicos. Posso perceber que, realmente esse homem, vivendo em uma situação de isolamento e miséria quase extrema foi privado de aprender esses valores morais, que regem a conduta de todos nós.
    Tenho muita pena daquelas crianças. Fiquei comovida quando aquele menino te abraçou, demonstra uma extrema carência. Pobres crianças.
    Que bom que está de volta
    Beijo , Luciane

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  5. Ei Raul! Que bom que você voltou (não eram féras prêmio).
    Vi no "DE" a reportagem também intrigante sobre aquele garoto que já foi detido 17 vezes e que coisa, a gente fica sem saber o que pensar ou imaginar pra resolver o problema dele. Muito triste! Tomara que de agora em diante ele aceite a ajuda que está sendo oferecida e mude suas atitudes em relação a tudo que tem feito de errado.
    Quanto ao monstro do Maranhão, assisti a sua reportagem na época e fiquei pasma com a entrevista que ele te concedeu. Quando ele te disse que a filha estava enganada quanto à idade em que ele começou a molestá-la, que ela não tinha 12 anos e sim 13, eu vou te contar, viu?...
    Mas ainda bem que acabou este drama destas crianças quando ele foi preso. Que Deus as proteja e lhes devolva a dignidade e a felicidade.
    Ele morreu de forma horrorosa. Eu não diria que a justiça foi feita.
    Seja bem vindo! E pelo que deu pra perceber domingo, suas férias foram ótimas. Que bom! Você merece!

    Beijo!!!

    Cássia - Viçosa/MG

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  6. Oi Raul.

    Imaginar uma vida naquelas condições miseráveis é como estar em um pesadelo e não poder acordar. Sandra Maria não vivia. Sandra Maria vegetava. Não tinha a real noção da situação caótica e sub-humana em que se encontrava. E no futuro não teria forças para evitar que o destino das filhas fosse igual ao seu. Desejo que essa moça apague as amarguras passadas e seja muito feliz, que ela tome as rédeas da vida, procure estudar, cuidar dos filhos e garantir um bom futuro para eles.
    José Agostinho, apesar de tudo não merecia esse fim. Não é com a morte que se paga um crime, por mais hediondo que seja. Os detentos não concordam, para eles estupradores e pedófilos precisam ser eliminados. Assaltantes, sequestradores, traficantes, homicidas estão acima da lei e podem fazer a justiça com as próprias mãos. Crime menor ou maior, não faz diferença, todos estão no mesmo balaio. E o Governo do Estado Maranhão, sabendo disso, não se preveniu e deu no que deu. Resultado: vai ficar por isso mesmo.
    Quando ele falou sobre o perdão de Deus mostrou que sabia que agia errado mas não tinha ideia da gravidade. Até onde deu para perceber não vi raiva por parte das filhas. Vi, em uma outra reportagem, a demonstração de carinho de um dos filhos que o abraçava quando foi visitá-lo na delegacia. Mas que um monstro, ele foi vítima da ignorância e perturbação mental que o fizeram cometer barbaridades.
    Tenho uma máxima: acredito que aquele que pode compreender, também pode perdoar.
    Bom retorno, Raul! É ótimo poder acompanhar novamente suas reportagens. Deus abençoe vc.
    Um abraço.

    RCCaridade - Vila Velha, ES

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  7. Ola Raul, bom retorno.

    Já tinha ouvido falar deste caso mas não tinha assistido a reportagem, e agora, depois de assistir, não consigo comentar nada. Dá um nó na garganta ver tudo isso.É muito triste.

    Bjs.

    Bete - Sorocaba

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