quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ainda que eu falasse a língua dos anjos...

Janeiro foi embora, as férias acabaram, fevereiro já está batendo as botas e o tempo não para. Na volta ao batente, de cara, uma reportagem sobre acidentes com ônibus.  Oito pessoas mortas. Crianças entre as vítimas. Tragédia. Não gosto de fazer. Não consigo me distanciar da dor daqueles que choram a perda de entes queridos. Por mais desconhecidos que sejam. E para fazer esta reportagem tive que ir ao velório e sepultamento de uma criança de dois anos. O menino estava com a mãe no ônibus que tombou perto de Mairiporã, na grande São Paulo. Era filho único. E se chamava Guilherme. A mãe ficou bastante ferida, e só deixou o hospital para se despedir do filho, já no cemitério. Este drama foi mostrado na reportagem. E tambem foi mostrada a historia de uma professora de Atibaia, que estava no ônibus e escapou sem praticamente nenhum ferimento. O depoimento desta professora me impressionou muito. Principalmente por causa de um trecho que não foi ao ar. Ela contou que a lembrança mais nítida que tinha da viagem era justamente a da mãe e do menininho: "desde a saida da rodoviária, o menino chorava muito. Ele pedia pelo pai o tempo todo. Chamava o pai, queria o pai. E a mãe agiu com uma paciência surpreendente. Eu tambem sou mãe e sei que, muitas vezes, a gente perde a paciência com crianças que choram muito. Ela não. Teve calma, carinho, o tempo todo. Mas o menino continuou chamando pelo pai. Ele queria sair do ônibus. Ele não queria ficar ali." Estranho, né ? Crianças normalmente gostam de carros. Gostam de ônibus. E se sentem seguras ao lado da mãe. A professora ficou com a certeza que o menino de dois anos pressentia alguma coisa. E eu fiquei impressionado com a historia. Terá sido coincidência ? Ou algum anjo teria sussurrado algo nos ouvidos inocentes de Guilherme ?

Se quiser ver a reportagem clique abaixo:

                                        

3 comentários:

  1. A morte me surpreende sempre...

    Estou coletando material e me preparando para escrever um livro sobre a 'separação de entes queridos na visão espírita'.

    Embora eu lide cotidianamente com os ditos 'mortos', o que para um espírita militante e engajado é algo corriqueiro, as reações em face de uma notícia como esta é a mesma de qualquer comum mortal - é emoção no que isto tem de mais primário e natural, no sentido do que temos aprendido como "animal racional dotado de corpo físico em evolução no planeta Terra ao longo dos milênios" misturado ao que temos aprendido na condição de "seres culturais".

    Algo digno de nota é que por mais que tenhamos a pretensão (no meu caso) de ver os dois lados da.vida.e.da.morte os mistérios e os encantos em face disso tudo permanece. E as emoções que estes acontecimentos suscitam somente se renovam, transmutadas em parte, mas ficando sempre algo como substrato, como permanente - o nosso assombro diante da inexorável morte, qualquer que seja nosso entendimento acerca dela (fim, pausa ou continuidade).

    Enfim, permanecerá os mistérios em torno da "coincidência" ou da possibilidade do menino "ter pressentido" ou "avisado por um anjo"...

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  2. Olá Raul. É verdade! é impossível presenciar a uma tragédia como essa e ficar alheio à dor e ao sofrimento daqueles que perderam seus entes queridos. Lido com isso todos os dias, trabalho em um hospital de emergência à beira de uma rodovia no RJ e diariamente atendo a vítimas de acidentes e, mesmo com mais de quinze anos de experiência, ainda me emociono, e até choro ao ver o sofrimento das famílias. Afinal eu e você somos humanos e graças à Deus, não deixamos que nosso profissionalismo nos torne insensíveis à dor e ao sofrimento daqueles que nos rodeiam. Um beijão . Bom te ver de volta.

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  3. Que história emocionante! Sempre acreditei em anjos e sempre acreditei em pressentimentos. Nunca saberemos o que realmente provocou esta reação na criança, mas sabemos que os caminhos de Deus são incompreensíveis para nós.
    Que Ele cuide do coração desta mãe...

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