
Esta semana Ananias foi preso e confessou os crimes. É um canalha. Assim como o rapaz que invadiu a escola em Realengo, no Rio de Janeiro, e disparou contra dezenas de crianças. Conheci alguns personagens desta tragédia. Alunos que, por muito pouco, não estiveram na mira do atirador. Professores que agiram como heróis. Mães que buscaram desesperadamente pelos filhos. Tudo porque um cara que estava destinado a passar em branco pela vida resolveu assinar uma obra demoníaca e, assim, entrar tristemente para a história. Como entender, e perdoar, os Ananias, Wellingtons e tantos outros que matam por matar ? Ao contrário de seo José, o pai das meninas de Cunha, que tem uma religiosidade e uma grandeza de espírito muito maiores que as minhas, eu não entendo e não perdoo. Entendo que eles agiram assim movidos somente pela maldade. A mesma maldade que se enraiza no coração dos homens e aparece de tempos em tempos, como que para nos lembrar: 'eu existo. Sou eu que estou por trás de um genocídio, do índio queimado, dos meninos mortos na Candelária, das mortes de Mércia, Vanessa, dos homicídios, latrocínios, estupros, espancamentos, enfim, sou eu, a maldade, a razão de tudo isso.' E ela não se ampara em credos, religiões, convicções, fanatismo, em nada! Ananias e Wellington não eram fanáticos, não eram lunáticos, não eram doentes, não eram petistas, não eram tucanos, não eram flamenguistas nem corintianos. Não eram nada. Eram maus. Só isso. Seo José por certo não concorda comigo. Ele tem um coração grande demais. Acha que todas as pessoas são frutos da mesma árvore. E que esta árvore só dá boas sementes. Eu penso diferente. Acho que os frutos dependem sempre da maneira como a árvore é cultivada. Sabe aquela história, de que todos temos dois animais famintos no coração ? Um se alimenta de bondade. E o outro, de maldade. Aquele que voce alimentar mais, crescerá mais, e tomará conta de seu coração. Como tomaram conta do coração de Ananias e Wellington.